::A Fisioterapia na TAA como recurso terapêutico no Câncer Infantil::

Com os avanços no tratamento, conferindo maior sobrevida, e o acompanhamento em longo prazo dos pacientes, tem-se observado os efeitos posteriores ao período de tratamento do câncer pediátrico. Muitos efeitos tardios estão vinculados ao próprio tratamento, seja este realizado por cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Sabe-se que o paciente deve ser acompanhado durante a adolescência até a vida adulta após passar pelo processo de tratamento de neoplasia infantil, pois este seguirá em desenvolvimento psíquico e físico. Assim, acredita-se que a fisioterapia seja, em algumas situações, essencial neste acompanhamento, conferindo maior qualidade de vida e auxiliando no tratamento das seqüelas do câncer infantil ou do seu tratamento clínico.
Uma das formas encontradas para estimular estes pacientes na realização de atividades terapêuticas é a terapia assistida por animais (TAA). Este tipo de intervenção tem sido amplamente difundido em todo o mundo e passa agora a ser estruturado como proposta de atendimento em hospitais, clínicas e centros de tratamento de diversas patologias.
Sabe-se que a execução da fisioterapia mediada por animais, não substitui a fisioterapia convencional. No entanto, a presença do animal na sessão parece melhorar a adesão e reduzir a resistência ao tratamento, proporcionando sensação de bem-estar e prazer contribuindo para a realização dos exercícios propostos. Além disso, o animal proporciona maior interação entre os pacientes e destes com o fisioterapeuta.
Penso que a reabilitação física no ponto de vista da TAA é um processo de integração de funções perdidas no adoecimento ou no tratamento do câncer, facilitando a inserção do indivíduo em atividades de vida diária e restaurando sua qualidade de vida. Além disso, a Fisioterapia no grupo de Terapia Assistida por Animais propõem a inclusão do indivíduo no grupo terapêutico e a realização de tarefas e atividades que resultarão na potencialização de habilidades individuais.
Outro aspecto relevante é a participação do cão no atendimento como agente externo e vivo que possibilita a integração das funções motoras com os aspectos emocionais. O contexto de relação entre criança e animal, favorece esta ligação interna da criança ao seu corpo.
Todos os movimentos e estímulos, quando focados na relação com o animal, facilitam o processo de reabilitação, socialização e desenvolvimento motor. O animal passa a ser uma figura que gera referência de movimento, postura e linguagem. Conforme o vínculo entre criança e cão é estabelecido, passa também a existir uma comunicação entre eles que se dá através da linguagem e da leitura corporal de ambos.
Além dos benefícios já citados, a literatura aponta que a TAA também pode possibilitar a prática exercícios e de estímulos variados relativos à mobilidade, estabilizar a pressão arterial, promover reações químicas positivas, gerar a sensação de bem estar, afastar o indivíduo do estado de dor e encorajar as funções físicas e da fala.
Thayana Dellagustin
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia Pediátrica (Hosp. Moinhos de Vento - POA)